quinta-feira, 13 de novembro de 2008

JONGÁ CANTOS DE FÉ, DE TRABALHO E DE ORGIA


Na sua segunda edição o projeto Jongá - Cantos de Fé, de Trabalho e de Orgia, volta ampliado e ocupa nos dias 18, 19 e 20 de novembro, três ambientes da Caixa Cultural: a sala de oficinas, com workshops de percussão (às 14:30 horas); o Cinema 2 com sessões comentadas sobre a travessia do Atlântico Negro (17:30 horas) e o Teatro de Arena, onde serão apresentados espetáculos de Moçambique, Jongo e Caxambu (19:00 horas).
Os workshops serão ministrados pelo mestre Humberto Balogum, 85, um dos últimos guardiões da tradição Angola-Congo. Os filmes selecionados pelo jornalista, crítico e diretor de televisão Wagner Corrêa de Araújo vão refletir sobre aspectos da cultura brasileira e sua mestiçagem nas falas, nas danças e nos sotaques dos tambores, numa preparação para os musicais à noite, onde o ambiente do Teatro de Arena vai favorecer a interação do público com as culturas coletivas de terreiro.
“Se, na primeira edição – em novembro de 2007 – o projeto contemplava os saberes herdados da tradição Banta, nos Jongos; nos Lamentosos das Ladainhas e nas Toadas de trabalho nos canaviais, nesta edição, Jongá explora como estas matrizes dialogam com o entorno, seja no cinema, nas falas dos tambores ou nas terreiradas trazidas para o palco”, adianta o idealizador e curador do projeto, o escritor, etnomusicólogo e percussionista Délcio Teobaldo.
O projeto será aberto dia 18, pelo Moçambique de São Benedito do Marechal de Cunha (SP), comandado pelo patriarca José Jerome, 74, que este ano foi um dos mestres populares agraciados com o Prêmio Humberto Maracanã, do Ministério da Cultura. No dia seguinte, 19, a Comunidade de Sapezal, do mesmo município paulista, brinda o público com seu Jongo patriarcal (feito apenas por homens, como é tradição desta cultura). Jongá será fechado por Délcio Teobaldo, no dia 20, com uma roda de Caxambu que celebra os ritos de plantio, cuidados, colheita e gozo dos frutos da Terra.
Délcio Teobaldo, que este ano foi o quarto autor brasileiro a ganhar o “Barco a Vapor” (http://www.edicoessm.com.br)/, maior prêmio de literatura infanto-juvenil do mundo, instituído em oito países, se destitui de todos os saberes adquiridos para reverenciar a herança banta, judaico-cristã e cabocla, transmitida por seus pais e avós.
Através do Jongo incomum de Cunha, numa extremidade e do Caxambu fundamentado em arquétipos femininos apresentado por Délcio Teobaldo, no outro, Jongá discute e reavalia a rota do Atlântico como via de mão dupla; legitimação da nossa herança e identidade, da sua prática comunitária à exposição no mercado midiático, no ano em que são lembrados os 120 anos de Abolição da Escravatura (1888).

SERVIÇO
JONGÁ – CANTOS DE FÉ, DE TRABALHO E DE ORGIA
Humberto Balogum (Whorkshops – dias 18, 19, e 20, às 15:30hs)
Wagner Corrêa de Araújo (Sessões de cinema – dias 18, 19 e 20, às 17:30hs
Moçambique de São Benedito do Marechal de Cunha (São Paulo) dia 18, 19:00hs.
Jongo Patriarcal da Comunidade de Sapezal do Cunha (São Paulo), dia 19, 19:00hs.
Jongá, délcio teobaldo (tambor e canto); Lucá Rodrigues (percussão com talas de bananeira e coro); Ana Paula Dias (dança) dia 20, 19:00 horas.

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